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Reportagem publicada na edição de 1998 da revista AAIRS

Projetar sem barreiras deve ser o objetivo principal dos arquitetos. Por uma arquitetura sem barreiras, entendemos um espaço bem planejado que propicie segurança, conforto e acessibilidade a edificações, mobiliários e equipamentos urbanos, para todas as pessoas.

 

Nós arquitetos, não nos perguntamos a quem destina nosso projeto, pois imaginamos como cliente o homem de estatura mediana, adulto, com 100% de visão e 100% de audição. Porém, quando vemos que a população é constituída por crianças, mulheres grávidas, cardíacos e idosos (e cada vez em maio numero), obesos, portadores de deficiências temporárias -engessados, sensoriais – visuais e auditivas; mentais e físicas- que necessitam de muletas, bengalas e cadeiras de roda para se locomover, concluímos que o cliente que se padronizou como perfeito se reduz a um grupo bastante limitado.

 

Quando nos damos conta, ainda, que hoje envelhecemos com melhor qualidade de vida, ativos e produtivos, concluímos que a responsabilidade pelo espaço construído é maior que o nosso poder de decisão, e quando nós arquitetos projetamos para a realidade de nosso usuário, teremos espaços construídos para o ser humano real.

 

Torna-se muito mais econômico em todos os sentidos, projetar e construir uma arquitetura acessível e sem barreiras, do que no futuro fazer adaptações (inevitável daqui para frente, embora nem sempre bem desenvolvidas) para permitirem acessibilidade às pessoas portadoras de deficiências.

 

Os espaços sem barreiras arquitetônicas são mais seguros e confortáveis, garantindo o direito de locomoção e uso para todas a população, incluindo portadoras de deficiências temporárias ou permanentes, carrinhos de bebês e de compras. Além disso, podem prevenir contra a ocorrência de acidentes de acidentes na vida cotidiana, uma das maiores causa das deficiências definitivas.

 

Se prestarmos atenção aos espaços nos quais nos locomovemos diariamente, podemos constatar facilmente que a acessibilidade é um mito. Seja para atravessar uma rua ou circular edifícios públicos, comerciais ou residenciais, encontramos vários problemas. Entre os mais comuns estão os pisos irregulares ou escorregadios, desníveis pequenos com degraus, escadas sem corrimão, escadas com degraus mal dimensionados, ausência de sinalização para cegos e surdos, inexistência de vagas específicas, postes e mobiliário urbano, como telefones públicos, caixas de correio, lixeiras, bancos, bancas de revistas e floreiras mal localizadas na malha urbana.

 

Além de respeitar as normas técnicas atualmente existentes, deve-se incrementar a fiscalização com vistas ao cumprimento dos dispositivos legais. Uma séria decisão em relação a essa questão, também passa por um amplo levantamento das vias públicas e espaços urbanos, edifícios comerciais, institucionais, escolas e hospitais não podem apresentar barreiras arquitetônicas para permitir a total integração das pessoas portadoras de deficiência à vida da cidade: estudar, trabalhar, viajar , freqüentar bibliotecas, museus, restaurantes, bancos, departamentos públicos, praças, cinemas, teatros, shopping centers, supermercados, etc.

 

Técnicos, aqui tetos e engenheiros, incorporadores e poder público devem adequar seus projetos a essas necessidades, considerando a imensa população que se vê limitada em seus direitos de ir e vir; de usufruir de atividades de lazer e cultura; de trabalhar e estudar; Enfim, de levar uma vida plenamente integrada à sociedade.

 

Para os incorporadores imobiliários e construtores, a adequação dos projetos traria imediata, contrapartida, com reflexos de marketing altamente positivos, beneficiando sua imagem corporativa e, conseqüentemente, trazendo um crescimento de vendas.

 

Promover a equiparação de oportunidades, buscar igualdades e acabar com as barreiras sociais, políticas, econômicas sociais e arquitetônicas são os objetivos da Comissão Permanente para questões relativas às pessoas Portadoras de Deficiência, ligada a Coordenação de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura Municipal. Essa Comissão reuni associações e entidades de pessoas portadoras de deficiência, prestadores de serviço de escolas e clínicas , técnicos e pessoas interessadas no tema e, está atualmente desenvolvendo os mecanismos para definição e regulamentação da legislação dos direitos das pessoas Portadoras de Deficiência.